Um transístor na configuração de emissor comum, conforme ilustrado na Figura 1, atua como um amplificador de corrente. No entanto, ao incluir a resistência de carga, também ocorre um ganho de tensão, resultando em um aumento significativo na potência.
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Figura 1 — Na configuração emissor comum ocorre a inversão de fase. |
Dessa forma, a configuração de emissor comum é preferida em relação às de base comum e coletor comum, pois proporciona tanto ganho de tensão quanto de corrente, enquanto as demais oferecem apenas um desses ganhos.
Na figura 2 temos as configurações de base comum representadas de modo simplificado.
É claro que existem características adicionais para as outras configurações que tornam seu uso ideal para muitas aplicações em que a configuração de emissor comum não tem o mesmo desempenho.
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Figura 2 — Configurações de Coletor e Base comum. |
Pois bem, polarizar um transístor é levá-lo ao seu ponto de funcionamento.
No ponto de funcionamento, os potenciais dos eletrodos deste transístor são tais, que uma forma de onda aplicada à entrada, com características próprias aparece amplificada na saída.
Na figura 3 mostramos o tipo mais simples de polarização que é feito com a ajuda de apenas dois resistores.
O resistor RL é o resistor de carga, enquanto Rb é o resistor de base.
A relação que existe entre os valores destes dois resistores depende do ganho estático de corrente (hFE) do transístor.
RL é fixado pelas características do sinal que se deseja, ou que se dispõe para amplificar, ou seja, pela corrente de coletor.
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Figura 3 — Configuração emissor comum. |
Duas fórmulas de utilidade permitem calcular os valores destes componentes:
A primeira permite calcular o valor de Rb em função da tensão Vc desejada no coletor do transístor. Nas aplicações práticas, esta tensão deve ficar em torno da metade de VCC, isso para que o transístor opere no centro da reta de carga, quando então se obtém a amplificação sem distorção de ambos os semiciclos de um sinal alternante.
Esta fórmula é:
Rb = (RL x hFE (VCC - 0,6)) / (Vcc - Vc)
Onde:
- Rb = resistência de polarização de base em ohms
- Vcc = tensão de alimentação em volts
- Vc = tensão no coletor do transístor em volts
- hFE = ganho do transístor
- 0,6 = valor fixo para transístores de silício
Uma das desvantagens deste tipo de polarização é a sua sensibilidade a variações de temperatura ambiente e variações da tensão de alimentação.
Esta configuração é usada, portanto, somente em casos de circuitos experimentais, mais simples, que não exigem um funcionamento mais rigoroso.
Podemos obter uma estabilidade melhor de funcionamento com a polarização mostrada na figura 4.
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Figura 4 — Configuração emissor comum com realimentação. |
Nesta temos um circuito de realimentação que compensa as variações de comportamento do transístor atuando sobre sua própria base.
Em especial, quando o transístor aquece e tende a conduzir mais corrente, o que pode ser perigoso para a polarização (causa a deriva térmica, e a queima posterior), a tensão de coletor cai e a corrente de polarização de base passa a ser menor. O resultado é que a diminuição da corrente de base tende a elevar novamente a tensão de coletor, trazendo o transístor de volta ao ponto ideal de funcionamento.
As fórmulas que permitem calcular os parâmetros para esta polarização são:
Rb = (RL x hFE(Vc - 0,6)) / (Vcc - Vc)
Onde, se usarmos RL em quilo-ohms obtemos Rb em quilo-ohms.
Para calcular Vc temos:
Vc = (Rb x Vcc + 0,6 x RL x hFE) / (Rb + RL x hFE)
Onde:
- Vc = tensão no coletor do transístor
- Vcc = tensão de alimentação
- Rb = resistência de base em ohms
- RL = resistência de carga em ohms
- hFE = ganho do transístor
A principal desvantagem que este circuito apresenta é a redução do ganho e da resistência de entrada.
A melhor polarização pode ser obtida com o circuito da figura 5.
A finalidade do resistor de emissor é elevar o potencial deste elemento de modo a se obter maior estabilidade. Igualmente, para termos uma tensão constante na base, usamos um divisor de tensão com dois resistores R1 e R2.
Um fator muito importante neste circuito é que a polarização de base não depende do ganho do transístor.
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Figura 5 — A melhor polarização pode ser obtida com este circuito. |
Temos então as seguintes fórmulas para cálculo dos diversos elementos desta configuração:
Re = ((RL (Vcc x R2) / (R1 + R2)) - 0,6) (Vcc - Vc)
Onde as resistências são dadas em ohms e as tensões em volts.
Para calcular Vc temos:
Vc = Vcc - ((RL x ((RL x (Vcc x R2) (R1 + R2)) - 0,6) / Re
A função do capacitor C1 é desacoplar o emissor, servindo como um curto-circuito para os sinais amplificados. Este capacitor deve ter seu valor escolhido de tal modo a apresentar uma baixa reatância na frequência de operação do circuito.
Uma maneira simples de calcular C1 é através da fórmula aproximada:
C1 = 5000 / 2 x 3,14 x f x Re
Onde:
- Re = resistência de emissor em ohms
- f = frequência de operação em Hertz
- 3,14 = constante PI.
As resistências de entrada obtidas para as configurações indicadas são dadas pela relação existente entre a tensão de entrada e a corrente de entrada.
Para pequenos sinais, na configuração de emissor comum estes valores situam-se tipicamente entre 10k e 1k.
Conclusão
Os circuitos que demos em geral se aplicam a pequenos sinais. Estes pequenos sinais correspondem aqueles cuja amplitude é de alguns volts e cuja corrente é da ordem de microampères ou no máximo 1 ou 2 mA. Para sinais de maior intensidade, outros procedimentos devem ser usados, já que influem no comportamento do transístor.
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