A agência espacial russa Roscosmos cancelou todos os lançamentos de foguetes Soyuz no Centro Espacial Europeu da Guiana Francesa devido às sanções da União Europeia pela invasão da Ucrânia por parte da Rússia.
"Em resposta às sanções da UE contra nossos empreendimentos, a Roscosmos está suspendendo a cooperação com parceiros europeus na organização de lançamentos espaciais do Centro Espacial de Kourou com a retirada de seu pessoal, incluindo a guarnição consolidada de lançamento da Guiana Francesa", disse o chefe da Roscosmos, Dmitry Rogozin, em uma declaração no Twitter no sábado (26/10).
A Rússia também está convocando 87 trabalhadores russos do Centro Espacial Europeu da Guiana Francesa que apoiam os lançamentos de foguetes Soyuz para a Roscosmos e as empresas russas NPO Lavochkin, Progress RCC e TsENKI, de acordo com uma segunda declaração no Twitter da Roscosmos.
"A questão da saída dos funcionários russos está sendo resolvida", escreveu a Roscosmos. Os movimentos da Rússia vêm à medida que nações da União Europeia, Estados Unidos e outros países impuseram severas sanções econômicas à Rússia após a invasão da Ucrânia na quinta-feira (24 de fevereiro).
Os foguetes Soyuz da Rússia são usados pelo provedor de lançamento europeu Arianespace para lançar satélites do Centro Espacial da Guiana perto de Kourou, Guiana Francesa, bem como do Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão (onde a Rússia lança regularmente suas próprias missões Soyuz). O mais recente foguete Soyuz lançado do Centro Espacial da Guiana decolou em 10 de fevereiro carregando 34 satélites de internet OneWeb.
A Arianespace, com sede na França, também usa seu próprio foguete Ariane 5 e o foguete Vega para lançamentos menores da Guiana Francesa.
O próximo lançamento da Soyuz com a Arianespace estava programado para o início de abril e colocaria em órbita dois satélites de navegação Galileo, para a Constelação Galileo da União Europeia. Essa missão certamente será adiada devido ao anúncio da Rússia no sábado.
Thierry Breton, comissário europeu para o espaço, disse que a decisão da Rússia de suspender os lançamentos da Soyuz com a Europa não interromperá nenhum serviço para os usuários dos satélites Galileo ou do programa de satélites de observação da Terra Copernicus da UE.
"Confirmo que essa decisão não tem consequências na continuidade e qualidade dos serviços da Galileo e Copernicus", disse Breton no comunicado. "Essa decisão também não coloca em risco o desenvolvimento contínuo dessas infraestruturas."
Breton acrescentou que a UE e seus Estados-membros estão "prontos para agir decisivamente" a fim de "proteger essas infraestruturas críticas em caso de agressão", e que "continuarão a desenvolver a Ariane 6 e a Vega C para garantir a autonomia estratégica da Europa na área de lançadores".
O foguete Ariane 6 é o sucessor europeu para o Ariane 5 e deve fazer seu primeiro voo ainda em 2022. O foguete Vega-C é uma atualização do foguete Vega que foi projetado para alcançar maiores órbitas e transportar cargas mais diversas pelo mesmo custo. A Agência Espacial Europeia e a Arianespace estão trabalhando juntas para desenvolver os foguetes Ariane 6 e Vega-C.
Na sexta-feira (25 de fevereiro), o diretor-geral da ESA, Josef Aschbacher, disse em um comunicado que as autoridades espaciais europeias estavam "monitorando de perto o que está acontecendo" na Ucrânia. A ESA está trabalhando em estreita colaboração com o programa espacial russo para lançar a missão europeia do rover ExoMars para Marte ainda este ano.
Em outra declaração, Rogozin escreveu que achou "inapropriado" qualquer participação dos EUA na missão Venera-D da Rússia, que estava programada para ser lançada em algum momento da década de 2020. Cientistas da NASA começaram a conversar com a Rússia para participar da missão Venera-D em 2017.
Com informações da Space.com
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